2006-12-12

Fronteiras

Existem fronteiras que nunca deveriam ser ultrapassadas, as barreiras por onde espreitamos e conseguimos ver aquilo que nos está impossibilitado de alcançar. Estou nesse limbo, nessa terra de ninguém, onde não faz sentido nem mais um passo à frente, nem mais um passo atrás... No passado ainda morno jazem as palavras proferidas e os sentimentos contidos, os momentos profanados na brisa dos dias corridos. Aí, nesse espaço onde nada temos, porém tudo somos, esvaí-me de mim para não mais conseguir brotar em ti. Serão as lágrimas que me toldam os pensamentos, ou talvez o turbilhão do peito que me asfixia a alma... será tudo para no fim restar nada, espelho que reflecte o vácuo da minha vida.

Ausento os passos do trilho, embosco-me num sítio qualquer que não seja este onde por ora estou... criminosa fujo, depois da peleja perdida, e sento-me numa anónima pedra, na mais angustiante das solidões, para chorar a vida, berrar contra mim, que não mais me quero sentir. Evaporar-me pelos campos, rasgar-me pelos ramos das árvores, apodrecer por aí, no fundo de um riacho... Mas aí, nesse momento, ser livre, livre porque fiz sentido, fiz parte de algo que me acolheu no seu ventre e fui elemento presente, com a maior das dádivas: o não sentir.

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