2006-08-06

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Antes dançávamos sem motivo, mesmo sem música, bastáva-nos a melodia quente e doce do nosso silêncio. Era tão bom sentir os nossos corpos embalados no mesmo ritmo, na mesma magia, na mesma sintonia...!

Hoje o silêncio impera, preenche todas as lacunas da casa, do espaço que nos rodeia. É um silêncio ruidoso e denso, um silêncio que já nenhum dos nossos gestos consegue cortar, onde já não embalamos em uníssono. Hoje já nem me tocas, não colocas a tu mão na minha e me levas pela tua galeria de perfumes únicos. Hoje estamos diferentes do que éramos... e eu tenho tantas saudades desse "nós" pretérito...

O que é feito do teu sorriso e do teu olhar que me desnudava a alma? Onde está? Preciso dele! Preciso de sentir o meu coração a acelarar, a respiração a ficar cortada, o arrepio que me lambia as costas... Onde estás, meu amor, onde estás que já nem me procuras?

Fui eu que errei? Busco todas as culpas, mas já nem tenho mais espaço dentro de mim para a repulsa que tenho de mim própria... Saberás tu o que é sentir isto?... Não creio...

Dói tudo cá dentro quando sinto que, cada vez mais, estou no fim do rol interminável que é a tua lista de afazeres, porque é isso que eu sou: mais um intem a cumprir... depois de tudo... depois de todos...

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